Thursday, January 15, 2009

Da noite para o dia...

A noite. A noite é boa conselheira, dizem. É na noite que me cruzo com muita gente, mas não é na noite que conheço essas pessoas que de alguma forma me chamam a atenção. Não mesmo. Pergunto-vos (aos dois inconscientes que continuam a frequentar aqui o "boteco") como já me perguntei a mim, se alguma vez conheceram alguém na noite. Eu falo de conhecer-conhecer. Não conhecer-estar, conhecer-gozar, conhecer-curtir, conhecer-comer. Conhecer-conhecer. É verdade que o primeiro passo, o primeiro contacto pode ser na noite, mas isso será apenas o princípio, que se prolongará nos dias, meses, anos, seguintes. 

Eu não sou preconceituoso, mas confesso que costumo desprezar esses "encontros imediatos" na noite. Não fujo deles, vivo-os, mas não lhes costumo dar qualquer valor. Se eles têm valor, se a pessoa que me é apresentada ou à qual me apresento num desses momentos me desperta realmente a curiosidade de conhecer, se o impacto é forte então vou querer estar com essa pessoa, vê-la, ouvi-la, falar-lhe, senti-la, dar-me, e estar disponível para receber, eventualmente...

Irrita-me, e como disse não fujo disso, o ambiente de "caçada" em que a noite se transforma. É um sentimento contraditório, umas vez que adoro jogos de sedução e flirt, adoro falar com pessoas que nunca vi na vida, adoro estar e aprender com as pessoas. À partida, todas sem excepção. Mas rapidamente me vejo a vestir a "pele" de caçador ou presa, no meio desses jogosde engate, que eu adoro. É verdade, adoro, mas são efémeros. Da mesma forma que aparecem desaparecem, e depois provocam-me um vazio, que tento preencher no minuto seguinte, dando início a mais uma "caçada", em que ou visto a pele de cordeirinho indefeso ou carrego todo o armamento que tenho disponível e disparo em várias direcções. Alguém há-de cair...

Mas depois vem o vazio...

Podem-me chamar idealista, mas o que sinto falta, o que quero partilhar, o que quero contruir (eventualmente) são momentos (não soltos) em que dou a mão a alguém que realmente conheço ou que quero conhecer, e vou passear à praia e ver o mar, almoçar ou jantar fora, passear por Lisboa (não por Chelas claro) alguém para partilhar abraços, para sentir o outro coração e o meu baterem juntos, para falar sobre música, livros, filmes, banalidades, cores, emoções, sentimentos. Alguém com quem se discute também, para resolver situações-limite de uma vez, alguém com quem se aprende... Já sei, é um cliché atrás do outro, mas como já sabem eu acho que um cliché não é necessariamente mau. 

Hoje o que acontece é mais ou menos o seguinte: "olá tudo bem? Vamos jantar? Boa, vou-te buscar às X horas, depois vamos beber uns copos e acabamos a comer-nos", eventualmente... Sim, já sei que hoje em dia temos um dia a dia mais intenso a nível profissional, que temos menos tempo para viver o que é impossível descrever na plenitude em palavras: emoções e sentimentos. Erro nosso, então. Erro esse que tem solução. Não reduzo o ser humano ao lado racional, mesmo. Uma relação entre duas pessoas não tem apenas um lado racional. O que a torna de facto especial é o lado não racional, é o que faz a diferença, é o que distingue alguém de tantos outros que nos passam à frente.

Há lá coisa melhor e mais intensa que a entrega? E o adormecer junto? O dormir junto? O acordar junto? Há maior intimidade? É um processo que começa à noite, e não na noite.

Por isso estou a fazer a passagem da noite para o dia. Onde me (nos) vai levar, não sei, mas o que sinto e penso é bom, muito bom. Mas são coisas que acontecem, não se encomendam. Por isso o que tiver que acontecer acontecerá...

Sou optimista por natureza.

5 comments:

Helena said...

Da noite para o dia...dá muito que falar...mas confesso que já fiz grandes amizades na noite...não em Lisboa, mas sim no Alentejo onde as pessoas são mais simples e humildes...

Já me perguntaram se acreditava em almas gémeas.
Almas gémeas. Requerem serem iguais.
Não.
Nisso não acredito. Acredito sim, no encaixe. Creio mais nos pólos contrários. Nos complementos. Contrários mas, que se encaixam.
Que faz aquele 'Plof'.
Retiro o que disse. Retiro os contrários, e coloco apenas o encaixe.
Sim. É isso...
Definitivamente, é o encaixe. Podem vir com aquela conversa da própria conversa. Que dois seres humanos para serem as ditas 'almas gémeas' têm que conversar e só aí dão por isso que ah e tal...
Discursos...
Tem que haver aquele encontrão inicial. Sem a típica busca de encontrar justificações para o desejo. Como se o desejo precisasse de justificações...
'É pah! mas ele nem faz o meu 'tipo', nem tão pouco o meu modo de pensar...'
Tretas...
Aquela procura de olhares. Aquele jogo da sedução. Do gato e do Rato. Puxa para aqui, vai para ali. É delicioso...
Agora, não venham com trestas, porque é realmente delicioso.
Plof. O encaixe.
Não falo de sexo, orgasmos me(n)tidos e desmentidos... Falo mesmo daquele Plof de corpos...
Daquele perfeito encaixe. Que não sobra uma unica 'fenda' para correntes de ar...
Duas peças.
Um só puzzle. (eu adoro puzzles...)
Ou faz Plof ou não faz...
E sobre este assunto é o que eu tenho a dizer e a sentir...

Eu plofo
Tu plofas
Ele/Ela plofa
Nós plofamos
Vós Plofais
Eles/Elas plofam

Brincadeira minha esta do verbo Plofar!!!

Nunca mais aprendo a ser mais sintectica com as minhas ideias... Daí eu já ter criado um blogue que falava justamente sobre 'A Revolta das palavras'...mas já desisti e já apaguei tudo...
Desistir é tão facil!!! Mas foi esta a minha vontade!

Bem Hajas!!!

costinha13 said...

Sim, esse plof é essencial. Mas sem conhecer nunca passará disso, uma eterna promessa de aparente felicidade. tudo começa por algum lado, essa troca de olhares, o primeiro toque, o cheiro, a voz...

E sim, é o encaixe, aquele encaixe "quase" perfeito, pois à partida nunca sabemos se é perfeito, essa resposta ou vem ou não, mas não quando queremos. Vem quando vier, se vier...

Tal como tu, acho o jogo de sedução delicioso, mas nunca deixará de ser só isso sem conhecer o outro. Nunca deixará de ser efémero, rapidamente volátil, se não se conhecer o outro. E o conhecer é uma caminhada, não é instantâneo. Por acharmos que é instantâneo, por "forçarmos" ver no outro aquilo que queremos que ele seja, iludímo-nos muitas vezes. Mas que se lixe, é mesmo esse o caminho. Iludirmo-nos, e voltar a iludirmo-nos, até ao dia... pessoalmente não tenho medo de correr, e tropeçar, cair, porque sei que o que trago dentro de mim para dar, me fará levantar, e continuar a correr.

Almas gémeas, da experiência que tenho, estão em polos contrários. Daí o nunca a esperarmos, quando ela aparece. Como idealista que sou acredito que a minha, a tua, a de cada um anda por aí. Como me faz sentir bem, sinto-o, não fujo disso, mas não procuro desenfreadamente.

A tua vontade é soberana, mas desisitir é fácil, resistir e não desistir é bem difícil. Prefiro a segunda, mas não cego, ou cego apenas temporariamente, ehehehehe...

Adoro o Plofar, como a lolada, eehehhee...

As amizades na noite... Já as fiz (e continuarei a fazer) claro, mas porque lhes demos continuidade, eu e as outras pessoas, e não foi na noite que se fez a diferença. Foi com o tempo. A minha mais recente amizade foi feita online, e é bem genuina, diz-me a minha intuição. Não acho que existam sítios apropriados para elas surgirem, tal como os desejos, paixões, etc. Só que parce que hoje em dia está instituido o sistema de sairmos todos à noite e iniciarmos as tais caçadas, eheheheeh... Ideais para coisas efémeras, ilusórias para algo mais que isso, se reduzirmos só a contactos "na noite". Não sei se me fiz entender (lolada)

Continua a escrever, adoro. E adoro aprender, e conhecer visões diferentes da minha.

bem hajas

Helena said...

Nunca fiz amizades (ou seja lá o que lhe queiras chamar) com ninguem via 'online'...
Conheço algumas pessoas que conseguiram atingir a felicidade através dessas novas tecnologias, chat's, msn ...e que ainda duram...

Quanto a ti, não vim aqui parar por mero acaso, mas sim porque foste tu quem me deste a conhecer o teu blogue.
Gosto muito do que escreves, palavra por palavra...nota-se que és uma pessoa sincera, e com uma força interior mto grande, que faz inveja a muitos...
Mas é mesmo assim...Aquilo que tiver que ser nosso, será!!! Leve o tempo que levar...
A minha vontade é realmente dominadora, quando quero mesmo sigo em frente, independetemente das consequências (penso mais com o coração do que com a cabeça...e isso nem sempre tem bons resultados)! Mas vive-se para aprender, não é?
Contudo, nos dias de hoje a solidão é anunciada como a maior doença do século. Confesso que não consigo ficar indiferente...Afinal não nos sentiremos todos um pouco sós?!

Beijinhos e um sorriso grande pa ti!

costinha13 said...

Ehehehehhe... Helena, tenho os meus dias também. Quando caio também me queixo, mas é enquanto me levanto e preparo para correr...

Tento ser sincero comigo e com os outros, ao máximo. Mas não sou perfeito, longe disso!

Escrevo muitas vezes para exercitar, mas a maior parte das vezes deixo apenas sair o que me vai cá dentro, eheheeheh...

Também gosto muito da maneira como escreves, do que escreves, como escreves. Acho genuino também. E aprendo contigo, e aprender é das coisas que mais gosto. Mesmo. E és bem simpática, já que me lembro daquele dia chuvoso lá na Tapada. Não digo isto para agradar, falo a sério.

beijinhos

Helena said...

Viva!!!

Se tivees MSN e quiseres adicionar-me: xicauzinha@hotmail.com

É raro estar por lá... prncipalmente durante o dia, por norma só à noite e qdo me apetece...

Beijocas
Estou à espera do proximo post...
Lolada....