Tuesday, December 27, 2011

Friday, October 22, 2010

Quem espera...

...sempre alcança, ou desespera? Sinceramente não tenho resposta para esta dúvida, que me assalta desde o início desta madrugada. Não tenho perfil para ficar à espera, para me resignar a ver a sucessão do desmorenar de um sonho tornado realidade, e não fazer nada. Não tenho feitio de comer e calar, perante a injustiça. Não tenho um espírito pobre, fechado, não aberto a tudo o que se passa à minha volta, assistindo impávido e sereno à destruição do mundo mais bonito e feliz em que vivi alguma vez.

Mas sinto que há que parar, por vezes. Parar para observar, para ver bem as opções, para esperar. Reconheço a importância deste exercício de contenção, enorme exercício, perante a surpresa, perante a adversidade, perante a ansiedade, perante a falta de ar. É um bocado como a asma. Se tenho um ataque e me ponho a correr, provavelmente o acelerar do meu ritmo cardíaco e, consequentemente, da minha respiração, tal irá precipitar e acelerar o processo de asfixiamento, como uma auto-motilação. É esperar, e tentar manter a calma. Aí estão duas palavras que aparecem tantas vezes de braço dado, como o par inevitável de uma festa que se quer vibrante: "espera" traz consigo a "calma". Ou a "calma" implica a "espera"...

O meu espírito crítico e algo rebelde nunca se deu pacificamente com este "par". Mas tem vindo a reconhecer a sua importância, em momentos de crise, em que parece que pisámos uma mina, e que basta um pequeno movimento do nosso pé para a despoletar.

Ontém estive à espera. Anteontém também. E antes de anteontem idem. Hoje não espero. Ou espero, mas de outra forma, sem esperar nada. Porque na prática não temos nada, só nos temos a nós. Felizmente esse é apenas o ponto de partida e o estado actual para alguns infelizes. Eu tenho sorte, tenho pessoas que trago comigo, todos os dias. Esse lado da vida, essa perspectiva também existe, e é tão feliz. Não são muitas pessoas, e são pessoas mesmo importantes...

Eu espero, por enquanto, e ainda não desespero...mas não espero muito mais.

Sunday, August 15, 2010

A idade dos "porquês"...

Não sei explicar muitas vezes o que acontece, o porquê, porque é que acontecem certas coisas, principalmente quando o objectivo, o motivo, é o oposto do resultado final. Não sei explicar. Há coisas. Vou-lhes chamar "coisas" porque são várias, variadas, e assim no abstracto cabem todas. Há coisas que não me preocupo em arranjar uma explicação, uma justificação para acontecerem, mas outras não descanso enquanto não as perceber. Mesmo. Principalmente as que são desconcertantes, as que são do melhor que há na vida, as que são o pior que há na vida, as que vêem de pessoas que me conhecem, ou deveriam conhecer, provenientes de pessoas que gosto, e que à partida gostam de mim...

Não descanso enquanto não me explicarem o porquê. Porquê? Porque é que me fizeste isto? Porque é que dizes isso? Porquê?

Como seres humanos iminentemente sociais, criamos nos outros uma imagem, ou melhor, os outros criam uma imagem de nós. É um facto. Normalmente não me importo muito com o que pensam de mim, com o que acham de mim. Sei que à partida gosto das pessoas. Não julgo as pessoas à partida, raramente sou implacável com alguém, mas daí a importar-me com a imagem que crio, em geral, e do ponto de vista pessoal, nos outros, vai um grande passo. Pelo contrário, se é alguém que faz parte da minha esfera mais próxima, onde não cabe assim tanta gente, então aí sim, viro o mundo ao contrário até perceber o que motivou tal coisa. Só não exerço qualquer medida de coacção ao melhor estilo pidesco para obrigar alguém a explicar-se. Mas fico sempre com aquele sentimento de que tenho direito a essa explicação. Tal uma pessoa tem direito à sua opinião, se essa opinião é sobre alguém e é dita directamente, então devia ter também a obrigação de explicar, de justificar essa opinião. Porquê?

Há um aspecto importante. A opinião dos outros vale o que vale, e só vale na medida em que lhes damos importância. Sendo alguém próximo dou alguma importância, caso não concorde, mas apenas na medida de obter uma explicação.

Sinto-me uma pessoa que vive bem consigo própria, esclarecida, com objectivos na vida, grato pelo que tive, pelo que tenho, e por quem tenho à minha volta. Sinto-me numa caminhada de aprendizagem, interior e exterior a mim próprio, e disponível para essa aprendizagem. Sinto e gosto de sentir. E gosto de dar aos outros motivos para sentirem.

No caso concreto, caso esse que motivou este meu post, ainda estou à espera da tal explicação... Porquê? Mas sei já o espaço que lhe reservo, sei perfeitamente o limite até onde essa explicação pode ir. Pura e simplesmente por um motivo: porque ninguém pode pintar outro conforme lhe apetece, muito menos à força.

Monday, May 17, 2010

Obrigado, pai...

...por me teres mostrado desde pequeno que não há festa em Portugal, mais precisamente em Lisboa, como o Santo António. Por me teres levado pelas principais ruas e ruelas dos bairros populares de Lisboa, principalmente Alfama, Mouraria, São Vicente de Fora, e por aí em diante. Das primeiras memórias que tenho em pequeno é do cheiro a sardinha assada, que desde essa altura ficou um vício! Um vício bem saudável. Lembro-me de me levares pela mão a ver as marchas, a viver o ambiente de festa ao rubro, pós-marchas, do cheiro a cerveja e a whiskey, das noites sucessivas de bailarico, fados, mais ou menos improvisados, de concertos populares, lembro-me de estar contigo a ver os filhos de uns amigos teus de Alfama, na altura com 16-18 anos, a fazerem um espectáculo de playback com músicas dos Wham! São recordações que nunca esquecerei, que não esqueço. Quis o destino que, após celebrar anualmente o Santo António, realizasse um sonho que tenho desde essa altura: vou desfilar nas marchas! É um sonho que se torna realidade, vou ser padrinho da marcha da Voz do Operário, a única marcha infantil a invadir a Avenida da Liberdade e o Pavilhão Atlântico, marcha essa que passa o testemunho dos mais velhos aos mais novos, que desde cedo aprendem a viver a festa de Lisboa. Ainda não é desta que vou ter direito a um arco (nada é perfeito) mas vou poder prestar a minha homenagem à minha cidade, às pessoas da minha cidade, e a quem luta o ano inteiro para não deixar morrer o Santo António e as festas de Lisboa. É uma homenagem a ti, pai, e contigo partilho este momento. Contigo e com a mulher que amo, a minha CS. São quem dá mais sentido a tudo o que estou a viver e a sentir, para além de mim próprio. Obrigado, pai...

Thursday, May 13, 2010

O Medo

Gosto disto. Mas do quê? Disto, de me virar do avesso, de me "sacudir" a mim próprio (sem qualquer sentido sexual neste caso) e de afastar a poeira, tudo o que seja lixo, dúvidas antigas, dúvidas menos antigas mas que moem a cada instante. Gosto de chegar a um aparente beco sem saída e descobrir uma porta para continuar, ou ter a lucidez, humildade e sensatez de dar uns passos atrás e verificar que aquele nõ tinha sido o melhor caminho a seguir, a melhor escolha a fazer, e arriscar a seguir outro, não desistir. Gosto de sentir que, mesmo quando pareço estar encurralado, consigo escapar e seguir, consigo saltar e ultrapassar obstáculos, consigo derrubá-los, sem derrubar ninguém no processo.

Parece uma mão cheia de nada e frases feitas o que acabei de escrever. Mas é o que sinto, e como me sinto. Meio perdido andava, mas felizmente sempre com a luz ao fundo do túnel, sem a perder de vista, e com a ajuda de algumas outras "luzes" que tenho tido a sorte de ir encontrando pelo caminho, consegui. Consegui chegar a um novo ponto de partida, e tenho um mar de novas interrogações pela frente, mas é tão bom! Sei que ainda vou sentir o estômago a arder de vez em quando, um toque delicado de azia temporária mas que passa, sem danos de maior. Só não quero é danos colaterais no processo. Não quero magoar ninguém que não eu próprio, como uma queda que dê, sim gosto de arriscar, e se cair que não traga ninguém atrás. Mas hoje vi que continuo a conseguir levantar-me depois de cair, e que aconteça o que acontecer estou cá para a luta, uma luta cheia de corações, sorrisos, algum choro, mas sã e leal. Nunca serei cínico, não sou capaz de ser mesmo que queira, mas não sou capaz e não quero.

Senti nos últimos tempos arrepios estranhos perante a incerteza. Medo também. Mas o medo é como o choro, liberta-nos, não? Para mim tem o efeito tipo coice, em que me "abre a pestana" e me dá o impulso que precisava. Sentido de dever também. Arrumei a mochila, tirei o lixo lá de dentro, carreguei-a do que precisava e fui, vou, estou a ir...

Olhei

Thursday, December 17, 2009

Postos à prova

É verdade. Hoje, de repente, o que previa, ou prevíamos para amanhã, tornou-se pouco provável,ou mesmo impossível. Mas a vida é mesmo assim, quanto melhor estamos, mais vezes somos postos à prova, mais vezes somos questionados, e maior o desafio, para o exterior. A verdade é esta: sinto-me melhor comigo, mesmo, a minha base é cada vez mais forte, também pelo que me dás, CS. A verdade é que quanto maior, mais livre é o que sinto, o que sinto que temos. A verdade é que cada desafio nos torna mais fortes. A banalidade facilmente é derrotada, o amor não. Não vivo para além da ilusão, nem pensar. Vivo feliz, nem sei explicar, mas não vivo uma ilusão, não vivemos uma ilusão. Arrisco sem medos a dizer com toda a certeza: o que temos é bem real, é raro, é único, é uma excepção à regra, mas é bom, e é para vivermos. Ambos abraçamos, abraçamo-nos um ao outro, e fundimo-nos num. É verdade, sempre fui algo céptico em relação a este tipo de fusões, até a viver. É como os contos, as histórias que ouvimos desde crianças, carregadas de metáforas, mas uma ou outra acabamos por viver e aí lembramo-nos delas. É verdade, estamos para dar e durar, juntos. Digo-o com um sorriso, de coração carregado por ti e por mim.

Também chorei, porque chorar é sentir, e o sentir, isso nunca nunguém me tirará. Muito menos o sentir o que sinto por ti e pelo que estamos a viver. Amar também é sofrer, sei-o hoje, mas é um sofrer que nos torna mais fortes. E é tão bom que mesmo estando separados há várias semanas, o que temos resiste e cresce. Mesmo.

Agora vais voar, e vai correr tudo bem. E eu cá estou, e estarei para te carregar de coisas boas, e para te dar toda a força que tenho e que não tenho. É...amor. Não tenho medo nenhum em dizê-lo e confirmá-lo. É amor, faz-me tremer, faz-me sentir borboletas na barriga, faz disparar o meu coração, é bom, tão bom.

Amo-te, CS, e cá vai um beijo dos nossos. Sim, na boca.

Wednesday, December 16, 2009

Eu...

...gosto de ti como és, amo-te pela pessoa que és, CS, mesmo...