Não costumo preocupar-me muito em saber o que me espera num futuro relativamente distante. Tento viver um dia de cada vez, da forma mais feliz que puder, junto dos que mais gosto, sempre aberto a conhecer. Conhecer implica aprender, implica uma pré-disposição a aceitar os impulsos que os nossos sentidos captam. Tenho objectivos, todos os dias renovo esses objectivos, uns consigo atingir, outros ainda não atingi mas vou atingir, outros não atingi de todo e perderam-se no tempo...
Lembro-me da batalha que parecia perdida, de acabar a minha licenciatura em Economia. Lembro-me porque ao mesmo tempo que batalhava para a acabar, batalhava também para conseguir aprender e trabalhar na área profissional que me move, que amo, que é o trabalho de actor (com muito de performer). Esta última é uma batalha até ao meu último suspiro, pois quero aprender até morrer... Sem dramas.
Não gosto muito de deixar ciclos a meio, mesmo. Faz-me confusão, tira-me o sono, angustia-me. Por isso decidi de uma vez que o ciclo do curso de Economia era para fechar, mesmo que nunca exercesse. Lembro-me que na preparação para mais uma batalha com a matéria de Econometria, e como desejava ter uma bola de cristal para saber as perguntas do teste, para as poder resolver antecipadamente. Foi dos primeiros momentos em que desejei ter uma bola de cristal.
Lembro-me que uns largos anos antes, devia eu ter 9 anos, numa altura de paixões infantis, a M. era a menina que me despertava a atenção. Sei que pouco tempo depois deixou de ser a M. e passou a ser a S.. Mas nessa altura desejei saber, desejei prever o futuro, desejei ter uma bola de cristal que me mostrasse o que eu queria ver realizado. Faz-me sorrir, recordar essa altura...
Mais recentemente senti a vontade de ter uma bola de cristal. Dava voltas à cabeça, sem saber o rumo a seguir, por ter sido apanhado de surpresa por uma notícia enigmática, não muito positiva. Um dia possivelmente falarei dela, ela hoje não e o cerne da questão. Só queria ver nessa bola de cristal o que me ia acontecer... Não sou melodramático (pelo menos na vida civil) mas apanhei um grande "cagaço" (em bom português). Com esta experiência aprendi que o tempo amadurece por si o que nos espera no futuro, não adianta querer antecipar o que tem o seu tempo para acontecer. Mas é possível condicionar o que nos espera...
Sei, no entanto, que vou desejar mais vezes ter uma bola de cristal...
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