Thursday, December 10, 2009

August Rush

Eu estou aqui. Estou de volta após largos meses sem escrever. Tudo num impulso dominado por um sentimento por alguém, por ti, inspirado por um filme. Nem sei bem como começar, mas cá vai...

Eu sinto-te, mesmo. Não sei bem como nos cruzámos, nem porquê, mas como que em jeito de apresentação, há aproximadamente 19 anos, senti uma corrente de energia nesse momento. É verdade, senti. Não há grandes explicações a dar em relação ao facto de escolhermos estar com certas pessoas e não com outras, o que nos faz procurar certos lugares em vez de outros, o que nos faz sentir e não desistir... Sim, há credos, há gostos pessoais, há ideologias, há desejos animais, há odores, há sabores, há dores partilhadas, vivências, as férias desde pequeno, as festas de anos dos nossos colegas de escola, as festas da escola, de Natal, de fim de ano, a choradeira no momento da partida, do encerrar de um ciclo e do iniciar do próximo. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro dia de escola, na pré-primária, tinha eu 3 anos. A minha mãe deixou-me na escola, sozinho, no meio de uma confusão gigantesca, cheio de miudos da minha idade e mais velhos, vários adultos fardados, e uma fila para tirar a primeira foto, no primeiro dia de escola. Vários miudos choravam, queriam ir-se embora. Eu não, eu queria ficar e conhecer, mas na hora da verdade, na hora de me sentar em frente ao fotógrafo, num ligeiro ângulo de corpo, eu não aguentei e chorei. Nunca esquecerei esse dia. Demorei a entrar naquele mundo, nem sequer escolhi estar ali, mas havia uma curiosidade, uma vontade de conhecer, e lembro-me dos meus colegas, os meus primeiros amigos. Eu, a par do meu melhor amigo da altura, competíamos em altura, ambos queríamos ser os mais baixinhos da turma. O que poderia (e em muitos casos é) motivo de criar traumas, para mim sempre foi um orgulho, uma marca de distinção, não porque me achava melhor que os outros, não, mas sim porque gostava, porque chamava à atenção, porque me abraçavam mais, porque me queriam mais, porque me davam mais, porque me deixavam dar-lhes mais. O meu colega era o Nuno, espero que ainda seja...

Mas além do Nuno, havia o Miguel, o outro Miguel, o João Pulga, a Ana Cristina, a Mónica, o Rui, e por aí em diante. O que me fez procurá-los e quere-los perto de mim e vice-versa? A pele? A voz? Não sei, podia justificar de várias maneiras, mas a única que encontro é a que sinto: energia. É energia, uma corrente. Como se fosse uma corda que eu agarro mas que nem sei porque é que começo por querer agarrar, agarrar logo aquela corda, onde já vão outras pessoas. É como uma série de túneis translúcidos e não estanques, e eu escolhi e vou escolhendo seguir por certos túneis e não por outros. São caminhos, são mãos que se dão, e que se separam... É música, música que oiço e que faço, pela qual sou atraído e atrio, é...energia.

Sempre gostei de ser o guarda-redes da minha turma na escola. O meu primeiro ídolo do futebol era o saudoso Vitor Damas, grande guarda-redes do Sporting. Costuma-se dizer que só vai à baliza quem não sabe jogar à bola, é quase motivo de exclusão. Para mim não, era o que eu queria mesmo, era o que me deixava feliz mesmo, era ir à baliza. Os meus colegas não queriam, porque eu era rápido e diziam eles que eu jogava bem à frente. Mas não, eu queria ir à baliza, e sempre fui até certa altura. Depois segui outro caminho, fui para a frente...

Hoje estou contigo. Sempre acreditei desde que nos voltámos a reencontrar há pouco mais de um ano. Acreditei e senti sempre algo, um feeling, que me levava até ti, que te trazia até mim. Uma...energia, um sentimento, algo que paira no ar, que não é meu, mas ao mesmo tempo é, é nosso. Não sou pretensioso ao ponto de sentir por ti, mas é nosso. De tantas cordas que vi e às quais me podia ter agarrado, quando dei conta seguíamos, e seguimos, no mesmo sentido, e chegámos a um ponto (não isolado) em que acabámos por criar o nosso caminho, nosso de nós os dois. E é tão bom...Sigo contigo, anda comigo, seguimos juntos. Desejei-te, desejo-te e vou continuar a desejar-te, quase que aposto desde o primeiro dia, como algo puro e em bruto, que não se pode inventar, já é. Sonhei contigo, sonho, e vou continuar a sonhar. Estou contigo, estive, e vou continuar a estar. Estamos, e é tão bom...

Amo-te, CS

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