Thursday, March 19, 2009

Hoje

Hoje vi o nascer do sol. Normalmente não tenho a oportunidade de o fazer, ou então tem-me passado completamente ao lado. Mas hoje foi diferente. Sentei-me nas escadas da minha casa, e fiquei a ver o nascer do sol. A necessidade invulgar de me levantar tão cedo deu-me a oportunidade de observar certos acontecimentos, que terão um sentido para essa determinada hora do dia.

Sigo o meu caminho, contrariando todos os hábitos acumulados durante meses. Sigo porque quero. Gestos simples, banais, desde arrumar a mochila para o meu mais recente desafio, o saco de desporto, as luvas de boxe, telemóveis, e música nos ouvidos até chegar ao café que normalmente vejo fechar, para hoje o fazer começar.

Sigo, por um caminho que me é familiar, mas a horas diferentes, e em sentido contrário. E como tudo muda, desde as cores das fachadas dos prédios, às caras que nunca vi, que passeiam os seus cães de diversas cores, formatos e tamanhos. Qual momento de hipnose global, seguem fechadas no seu mundo, puxadas por cães de diversas cores, formatos e tamanhos. Sigo.

Um homem faz ginástica em frente a uma entrada de garagem de um prédio que me é bastante familiar, mas aquela cara é-me completamente desconhecida. Nem sei se aquele homem, na casa dos setenta anos, que força os braços de forma ritmada em movimentos circulares e ritmados pertence, àquela rua. Parece tirado do seu contexto natural e colocado num quadro de selva urbana, que claramente o desejaria apagar. Mas não apaga, porque ele não parece, ele é.

Cheguei à conclusão que 99% do caminho que fiz me era familiar. É-me familiar. No entanto o meu destino era totalmente desconhecido. Como um ponto onde uma nova caminhada se inicia. Uma caminhada feliz, muito feliz. A felicidade acompanha-me, e faz-me sentir, e é recorrente falar nela. Falo, sem preconceitos, medos ou receios, porque não tenho medo. Sou feliz, e fazem-me feliz. Eu agradeço, e retribuo. Ou será que comecei por ser eu a dar? Não é relevante. Estou-lhe grato. Mesmo.

É bom saber que a corrente do tempo arrasta muita coisa, nos leva sem olhar para trás, mas não nos proibe de voltar a lugares que nos marcam. Algo mudou desde a última vez que aqui passei, mas a terra que toco é a mesma.

Sigo, porque quero. E quero, muito...

P.S: o Hoje foi ontem...

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